terça-feira, 13 de julho de 2010

CAI O REI DE OUROS

Dizem que o rei de ouros representa a figura do imperador Júlio César. Júlio César imortalizou-se por sua liderança política, por estender os limites do império romano e por perseguir suas oposições. César também é conhecido por sua exótica morte, assassinado no senado num conluio do qual participou Brutus, seu protegido.A era Hartung no ES chega ao fim, porém o projeto burguês “hartunguista” se mantém vivo. Sabemos bem que não se altera uma realidade mudando apenas as figuras físicas que dela fazem parte, ainda que como protagonistas. Da mesma forma, não se altera uma realidade mudando apenas o nome dela, era o que dizia Fredrich Engels, parceiro de estudos e militância de Karl Marx. O “hartunguismo” é um modelo político que obedece às exigências de um determinado período de desenvolvimento histórico da política brasileira e que, por sua vez, obedece às exigências de um determinado padrão de acumulação do capital. Paga-se pela aniquilação dos riscos. Riscos são caros demais! E o muro é o lugar onde não existem riscos.
O “hartunguismo”, ao que tudo indica, finalmente encontrou um representante digno, um novo corpo hospedeiro, Renato Casagrande! Rei morto, rei posto!
Ricardo Ferraço não passa de um playboy. Um sujeito que nunca teve uma realização sequer na vida da qual possa bater no peito e dizer que tenha conseguido com esforço próprio. Filho do coronel e ex-ditador Teodorico Ferraço, se projetou na política até ganhar de bandeja a vice-puxassaquística de Paulo Hartung, a partir de seus privilégios familiares. Depois de tudo que os outros fizeram por ele, e depois de 4 anos como papagaio de pirata real e oficial, ele ainda teve a cara de pau de fazer pirraça (menino mimado que é) por não ter ganhado a vaga de governador do ES de presente.
Hoje em dia o “blocão”, como tem sido chamado o balaio de gatos que é a coligação que apoia Renato Casagrande, tem ganhado cada vez mais vida própria fora do espectro que ronda o Espírito Santo, o espectro mórbido de Paulo Hartung. Ricardo Ferraço não tem priorizado as agendas com PH, mas sim com Casagrande que já está tomando postura de imperador, o que pode ser notado pela sua postura e tratamento político internamente em seu próprio “blocão” pessoal. O PT, que via como garantida a vaga de vice, está prestes a abrir mão em nome da participação do PDT no bloco, que também reivindica a vice. Assim, o PT ganharia uma vaga no senado da suplente de Casagrande, a Ana Rita, da corrente mais a esquerda do PT hoje, a Articulação de Esquerda. Ainda com isso, o PT abre mão da candidatura de Dudé para deputado federal (que contava com o apoio de João Coser) e pode apresentar Givaldo para tapar buraco e fazer legenda para o PMDB.
Ricardo ficaria no senado. Rita Camata pode ser o outro nome. A bancada capixaba no senado pode acabar ficando com o PT, PSDB e PR.
Ricardo Ferraço tem a ganhar com o enterro de PH e, no senado, César corre risco de ser assassinado por Brutus, seu protegido até então.
O blocão é a americanização da política, a pobreza de debate, a morte dos ideais, é o pragmatismo oportunista que encontra explicação na “teoria dos jogos” de John Nash. Trata-se de busca da situação ideal onde todos querem a cooperação num jogo em que cada um perde o mínimo possível. Porque disputar entre si numa briga ideológica, se esses comensais podem se unir e repartir o bolo do orçamento do estado do Espírito Santo entre eles, garantindo a segurança dos projetos da Arcelor, da Vale, da Aracruz Celulose/Fibria, da CSU, da Jurong, da Samarco e etc? As bases concretas desse modelo estão no controle financeiro da política, quem irá gerenciar o capital? Menosprezo aos serviços públicos e total apoio e financiamento de empreendimentos privados, muitas vezes com capital misto. Medidas que caminham sempre no sentido de ampliar o ciclo reprodutivo do capital, diminuindo o escoamento do lucro para investimentos em bem estar público.
Doações de terras, repressão aos movimentos sociais, criminalização das greves, privilégios ao agronegócio. Migalhas para o povo sem teto, sem terra, para a agricultura familiar, para a escola pública e professores, para os hospitais públicos e médicos, enfermeiros e servidores, migalhas para a juventude exterminada nas periferias da cidade. E para estes políticos incompetentes, o poder e o glamour rococó do palácio Anchieta.
O compositor Zé Ramalho canta em sua canção chamada “Meu País”:

“Um país onde as leis são descartáveis por ausência de códigos corretos
Com quarenta milhões de analfabetos e maior multidão de miseráveis
Um país onde os homens confiáveis não têm voz, não têm vez, nem diretriz
Mas corruptos têm voz e vez e bis e o respaldo de estímulo incomum,
pode ser o país de qualquer um mas não é com certeza o meu país”

Isso é o “hartunguismo”!
O PSOL não quer ser apenas uma mosca na sopa. Sopa não é comida de gente poderosa como essa, e mesmo que fosse, nós não queremos ser engolidos acidentalmente ou jogados no lixo.
O PSOL quer ser uma alternativa real à política pobre do ES. O PSOL não quer fazer parte da repartição passiva das riquezas do Espírito Santo. O PSOL quer lutar pelos direitos dos trabalhadores do ES, e o PSOL sabe que só com a valorização destes trabalhadores é que poderemos falar de desenvolvimento sem hipocrisias e cinismos. O PSOL quer ser o maior aliado das massas populares e com elas lutar pelo poder popular, pela emancipação e pela reconquista dos direitos perdidos. Através dessa luta acreditamos que organizaremos cada vez mais trabalhadores disputando consciências, corações e mentes rumo ao socialismo e à revolução! Acreditamos que, cada vez mais, com a elevação das reivindicações, conquistas e lutas, se eleva o nível de consciência de classe e cada vez mais nos aproximamos da vitória.

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