domingo, 19 de setembro de 2010

Primeiro a notícia:

O Corinthians construirá um estadio em São Paulo em parceria com a Odebretch, que terá o "name rigth", ou seja, receberá o nome do estádio. A principio o estadio teria espaço para 48 mil lugares, porém, para receber os jogos da copa do mundo, deverá ampliar para mais 20 mil lugares. Ampliação esssa que será para do bolso do próprio Corinthians.
O valor total da obra está estimado em 350 milhões de reais.

Agora o comentário:

O presidente do Corinthians, Andres Sanchez, afirou, Não haverá dinheiro público gasto na construção do novo estádio que será construido.
Também, nem precisa. Estima-se que apenas com os gastos com reformas de estádios pelo Brasil a fora para garantir a copa do mundo no Brasil, foram mais de 2 Bilhões. Diga-se de passagem, provavelmente superfaturadas, todas.
A reforma do Maracanã está estimada em mais de 700 milhões, podendo chegar a 800 milhões. O Engenhão, estádio do Botafogo, custou cerca de 400 milhões para ser CONSTRUIDO, não reformado. Ou seja, para deixar de ser um buraco no chão vazio e se transformar num estádio. Vale dizer, que os gastos que haviam sido estimados para o Engenhão eram 10% do que foi gasto na realidade. A reconstrução da fonte nova está orçada em 1,6 bilhões.

As obras do estádio de Manaus para a copa foi embargada pelo MP e pelo Tribunal da Contas. O sobrepreço encontrado foi de 63 milhões de reais num estádio que custa 500 milhões, a contrutora responsável é a Andrade Gutierrez.

Temo que estejamos entrando numa era em que não existirão mais parâmetros.
Não teremos mais noção de quanto custa construir uma casa, se é 10.000, 100.000, 1.000.000... Ninguém sabe quanto custará um pedaço de terra, uma ambulância, um hospital ou um estádio de futebol, se é 40 milhões, 400 milhões ou 800 milhões.

E também o veneno:

Não quero supor nada, mas é fato que a Odebretch e a Andrade Gutierrez são as maiores construtoras do país, faturaram cada mais de 5 bilhões em 2009.
É fato que ambas são as que mais gabnharam licitações para obras da copa do mundo (2,7 bilhões - Odebretch e 1,9 bilhões - Andrade Gutierrez)

É fato que a Odebretch também foi patrocinadora do filme do Lula, bem como a Andrade Gutierrez, que possuem uma ótima relação com Lula, Dilma, Renan Calheiros, Collor e todos os amiguinhos do palácio do planalto.

Mas quem vai pagar isso é a gente. Quem paga a campanha deles, provavelmente, também é aquela escola, hospital, faculdade, metro de superficie, linha de transporte e aquaviário que deixou de ser construido!

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segunda-feira, 26 de julho de 2010

A Marcha Imperial

Empenhado na campanha de seu sucessor, Paulo Hartung roda o ES incansavelmente visitando municípios e, em quase todas as visitas, entregando máquinas e tratores para os prefeitos. Beirando a campanha, isso é, óbviamente, campanha eleitoral indevida com dinheiro público, mas, como vivemos num império, não existe justiça para resolver isso. Cabe a nós votar contra essa máfia e nos organizar para combater o próximo governo com o povo organizado em nossos sindicatos, entidades estudantis e movimentos sociais e populares diversos.No site do Século Diário é possível ver a matéria na integra. Em algumas ocasiões, Paulo Hartung saiu de Mimoso do Sul (extremo sul) e no outro dia estava em Barra de São Franscisco (norte, atravessou o estado quase todo e dando voltas).

A agenda do governador esteve assim:


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quinta-feira, 22 de julho de 2010

BRASIL, UM PAÍS DE POUCOS!!!

As novidades da semana que valem a pena ler e discutir!

Enquanto a polícia procura a ex-amante do Bruno, enquanto o flamengo escala outro goleiro, enquanto a CBF decide se terá ou não jogos no Morumbi nas olimpiadas do Brasil... novidades interessantes devem ser destacadas essa semana!
1 - O Ipea diz: O crescimento econômico foi grande, mas a pobreza não diminuiu no mesmo ritmo, porque? Os pobres pagaram pela crise econômica, como sempre!
A pobreza não é uma questão de falta de crescimento, mas sim de opção para que lado um país quer crescer e se desenvolver. A burguesia brasileira não aceita repartição de riquezas, nem um pouquinho.
Isso deve servir de lição para alguns lugares do ES como Aracruz, onde o prefeito quer atrair todas as empresas do mundo, doar todas suas terras para as empresas, e não aceita que nenhum pobre se mude para Aracruz. Não dá nem um pedacinho de terra pra quem não tem casa, muito embora a constituição garanta que as terras devolutas devam ser utilizadas para fins de reforma agrária!

Voltando à notícia. A região Centro Oeste foi a que mais cresceu de 1995 até 2008, 5,3%. No entanto, foi onde a pobreza menos diminuiu, -0,9%


2 - A segunda notícia é que Lula resolveu dar dinheiro para os planos de saúde liberarem descontos promocionais para as pessoas idosas! Deve ser uma questão de Lobby para seus financiadores de campanha, não sei... mas... Recapitulando:

Em 2003 Lula tirou dinheiro dos idoso com a reforma da previdência taxando so "inativos". Agora, 7 anos depois, ele acha que vai compensar (e o pior é que vai compensar mesmo, aposto que muitas pessoas com memória curta irão votar no Lula, ops, digo, na Dilma por isso...santo homem!). Os idosos que tem dinheiro para pagar plano de saúde, ganharão desconto, quem não tem dinheiro, morrerá na fila desgraçada do SUS, penando uma "via crusis", pagando os pecados em terra para herdar, finalmente, o reino dos céus após tal penitencia!

Ao invés de investir em saúde pública, abrindo hospitais, contratando mais médicos, melhorando os salários dos profisionais da saúde, não... Lula irá pagar planos!

Alguém está mal intencionado nessa história!

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terça-feira, 13 de julho de 2010

CAI O REI DE OUROS

Dizem que o rei de ouros representa a figura do imperador Júlio César. Júlio César imortalizou-se por sua liderança política, por estender os limites do império romano e por perseguir suas oposições. César também é conhecido por sua exótica morte, assassinado no senado num conluio do qual participou Brutus, seu protegido.A era Hartung no ES chega ao fim, porém o projeto burguês “hartunguista” se mantém vivo. Sabemos bem que não se altera uma realidade mudando apenas as figuras físicas que dela fazem parte, ainda que como protagonistas. Da mesma forma, não se altera uma realidade mudando apenas o nome dela, era o que dizia Fredrich Engels, parceiro de estudos e militância de Karl Marx. O “hartunguismo” é um modelo político que obedece às exigências de um determinado período de desenvolvimento histórico da política brasileira e que, por sua vez, obedece às exigências de um determinado padrão de acumulação do capital. Paga-se pela aniquilação dos riscos. Riscos são caros demais! E o muro é o lugar onde não existem riscos.
O “hartunguismo”, ao que tudo indica, finalmente encontrou um representante digno, um novo corpo hospedeiro, Renato Casagrande! Rei morto, rei posto!
Ricardo Ferraço não passa de um playboy. Um sujeito que nunca teve uma realização sequer na vida da qual possa bater no peito e dizer que tenha conseguido com esforço próprio. Filho do coronel e ex-ditador Teodorico Ferraço, se projetou na política até ganhar de bandeja a vice-puxassaquística de Paulo Hartung, a partir de seus privilégios familiares. Depois de tudo que os outros fizeram por ele, e depois de 4 anos como papagaio de pirata real e oficial, ele ainda teve a cara de pau de fazer pirraça (menino mimado que é) por não ter ganhado a vaga de governador do ES de presente.
Hoje em dia o “blocão”, como tem sido chamado o balaio de gatos que é a coligação que apoia Renato Casagrande, tem ganhado cada vez mais vida própria fora do espectro que ronda o Espírito Santo, o espectro mórbido de Paulo Hartung. Ricardo Ferraço não tem priorizado as agendas com PH, mas sim com Casagrande que já está tomando postura de imperador, o que pode ser notado pela sua postura e tratamento político internamente em seu próprio “blocão” pessoal. O PT, que via como garantida a vaga de vice, está prestes a abrir mão em nome da participação do PDT no bloco, que também reivindica a vice. Assim, o PT ganharia uma vaga no senado da suplente de Casagrande, a Ana Rita, da corrente mais a esquerda do PT hoje, a Articulação de Esquerda. Ainda com isso, o PT abre mão da candidatura de Dudé para deputado federal (que contava com o apoio de João Coser) e pode apresentar Givaldo para tapar buraco e fazer legenda para o PMDB.
Ricardo ficaria no senado. Rita Camata pode ser o outro nome. A bancada capixaba no senado pode acabar ficando com o PT, PSDB e PR.
Ricardo Ferraço tem a ganhar com o enterro de PH e, no senado, César corre risco de ser assassinado por Brutus, seu protegido até então.
O blocão é a americanização da política, a pobreza de debate, a morte dos ideais, é o pragmatismo oportunista que encontra explicação na “teoria dos jogos” de John Nash. Trata-se de busca da situação ideal onde todos querem a cooperação num jogo em que cada um perde o mínimo possível. Porque disputar entre si numa briga ideológica, se esses comensais podem se unir e repartir o bolo do orçamento do estado do Espírito Santo entre eles, garantindo a segurança dos projetos da Arcelor, da Vale, da Aracruz Celulose/Fibria, da CSU, da Jurong, da Samarco e etc? As bases concretas desse modelo estão no controle financeiro da política, quem irá gerenciar o capital? Menosprezo aos serviços públicos e total apoio e financiamento de empreendimentos privados, muitas vezes com capital misto. Medidas que caminham sempre no sentido de ampliar o ciclo reprodutivo do capital, diminuindo o escoamento do lucro para investimentos em bem estar público.
Doações de terras, repressão aos movimentos sociais, criminalização das greves, privilégios ao agronegócio. Migalhas para o povo sem teto, sem terra, para a agricultura familiar, para a escola pública e professores, para os hospitais públicos e médicos, enfermeiros e servidores, migalhas para a juventude exterminada nas periferias da cidade. E para estes políticos incompetentes, o poder e o glamour rococó do palácio Anchieta.
O compositor Zé Ramalho canta em sua canção chamada “Meu País”:

“Um país onde as leis são descartáveis por ausência de códigos corretos
Com quarenta milhões de analfabetos e maior multidão de miseráveis
Um país onde os homens confiáveis não têm voz, não têm vez, nem diretriz
Mas corruptos têm voz e vez e bis e o respaldo de estímulo incomum,
pode ser o país de qualquer um mas não é com certeza o meu país”

Isso é o “hartunguismo”!
O PSOL não quer ser apenas uma mosca na sopa. Sopa não é comida de gente poderosa como essa, e mesmo que fosse, nós não queremos ser engolidos acidentalmente ou jogados no lixo.
O PSOL quer ser uma alternativa real à política pobre do ES. O PSOL não quer fazer parte da repartição passiva das riquezas do Espírito Santo. O PSOL quer lutar pelos direitos dos trabalhadores do ES, e o PSOL sabe que só com a valorização destes trabalhadores é que poderemos falar de desenvolvimento sem hipocrisias e cinismos. O PSOL quer ser o maior aliado das massas populares e com elas lutar pelo poder popular, pela emancipação e pela reconquista dos direitos perdidos. Através dessa luta acreditamos que organizaremos cada vez mais trabalhadores disputando consciências, corações e mentes rumo ao socialismo e à revolução! Acreditamos que, cada vez mais, com a elevação das reivindicações, conquistas e lutas, se eleva o nível de consciência de classe e cada vez mais nos aproximamos da vitória.

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segunda-feira, 12 de julho de 2010

BRASIL DÁ ADEUS À COPA!

A imprensa caiu sobre Felipe Melo como o responsável pelo mau desempenho do Brasil na África do Sul. Tenho minhas dúvidas.
Felipe Melo foi convocado para atuar como meia-volante e, na minha opinião, foi o melhor meia-volante dos testados em campo. Demonstrou qualidade no passe (lindo lançamento para gol de Robinho) e marcação forte, infelizmente, seu destempero fez com que fosse expulso por agressão.
Por outro lado, jogadores que foram convocados se esperando brilhantismo, falharam. Kaká, o pior camisa 10 da história do Brasil, não fez nada. Deu três assistências sendo que, uma delas foi com passe curto e outra com bola cruzada rasteira na área. Luis Fabiano, que foi convocado para ser o matador, teve grandes lances de oportunismo e categoria, mas com o péssimo meio-campo, ficou isolado na frente. Gilberto Silva correspondeu às expectativas da torcida brasileira em relação a ele, ou seja, não fez nada e sumia a maior parte do tempo em que estava em campo. Lucio e Juan jogaram bem, mas também tiveram falhas horrendas. No gol da Coréia do Norte, Gilberto Silva falhou, Lucio foi vencido com grande facilidade e Maicon tomou nas costas. Três falhas, três brasileiros e um norte coreano. No gol da Costa do Marfim, Drogba estava completamente livre de marcação dentro da área. No segundo gol da Holanda, a jogada ensaiada dos holandeses foi executada com tanta facilidade que parecia ter sido combinada com os zagueiros brasileiros e com Julio César.
Dunga foi medroso e incompetente. Com o Brasil perdendo numa eliminatória, faz apenas duas substituições. Tira um atacante e coloca outro. Tira um lateral (machucado) e coloca outro. Acho que ele estava satisfeito com o 2x1... Então, porque eu haveria de não ficar satisfeito?
Quanto aos jogadores, todos receberão propostas milionárias. Robinho é cotado no Olympique, na Turquia e até mesmo no Real novamente. Luis Fabiano é cotado no Milan. Elano demonstra vontade de voltar ao Santos. Veremos quanto que essa seleção vai render no mercado.

Fora Dunga, vai tarde!
Fora Ricardo Texeira!
Fora Kaká!
Cala a Boca Galvão!

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domingo, 30 de maio de 2010

"LIBERDADE"

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quarta-feira, 26 de maio de 2010

ARACRUZ, lugar de toda a injustiça!

Quando uma cidade atrasada do interior de um estado atrasado possui em "mãos" um orçamento de cidade grande, ao mesmo tempo que se desenvolve de maneira abrupta, conserva inúmeros vícios conservadores do atraso. Preconceito, corrupção, impunidade, injustiça e desigualdades sociais (coisas que tem em qualquer lugar do mundo capitalista, mas que em uma cidade pequena com muito dinheiro disponível, tudo se amplifica) além de outro problema conhecido, a conivencia com a poluição de massa causado pelos grandes empreendimentos.

Foi da boca de alguns vereadores de Aracruz, e de parte de um povo tacanho e atrasado que habita Aracruz e que reflete bem o baixo nível de seus vereadores, que eu ouvi coisas do tipo que "não deveriam vir pessoas de fora para Aracruz". E que pessoas pobres que vem procurar casa e emprego não são bem vindas em Aracruz.

Um dos vereadores teve o disparate de dizer que se pudesse "dava todas as terras que sobraram para empresas", acreditando (talvez) estar promovendo desenvolvimento. Infelizmente esse vereador não é inteligente o suficiente para compreender o que é o desenvolvimento e as faces problemáticas que ele carrega consigo. Uma vez Tolstói disse que certas pessoas são capazes de passar por uma floresta e enxergar apenas "lenha para a fogueira". Essa mentalidade se aplica completamente a este vereador.

Essa mentalidade pequena faz parte de um quadro de um sonho europeu, típico das classes médias de algumas cidades do interior. Mentalidade essa que pretende transformar sua rua, seu bairro e sua cidade numa ilha dentro de um oceano subdesenvolvido terceiro mundista como é o caso do Brasil, país onde elas mesmas vivem. Tem a idéia de que a pobreza, deve ficar longe, no nordeste, a violência, deve ficar longe, no Rio de Janeiro e que, em lugares como Aracruz, só haverá praias, belezas e carnaval.
Nosso país é refém de um projeto neoliberal implementado por um governo (Lula) que a mídia pinta como promotor do avanço, mas que ao olharmos para o lado, apenas vimos a mesma crônica pobreza que sempre esteve presente ao nosso lado e dentro de cada um. Nada mudou qualitativamente, só quantitativamente.

Esse sonho americanizado de desenvolvimento é que permite uma pessoa ser a favor da destruição publica e gratuita de 90 casas com o argumento "escroto" de preservar um "valão" destruido pela imundice e diarréias da burguesia local. Sonho ingênuo de que centenas de empreendimentos se instalarão em sua cidade gerando empregos para os nobres e abençoados cidadãos de Aracruz, atraindo apenas gente estudada e "bons partidos" para trabalharem nas vagas especializadas que cada empresa exigir.

Quanto ao lixo do submundo da pobreza, esses seres humanos podem padecer de cólera, denge e fome nos becos e nas crackolândias das grandes cidades ou, quando muito, morrerem de trabalhar por pouco em carvoarias, canaviais ou como vaqueiros em outras cidades. As elites não sofrem dessa dor.

Neste domingo, foi assassinado uma liderança comunitária que fazia denuncias a respeito da DOAÇÃO de terras da prefeitura de ARACRUZ para a construção do estaleiro JURONG. Recentemente ele havia denunciado a farsa do orçamento participativo de Aracruz, quando o prefeito resolveu não mais realizar as obras nos bairros que serão impactados pela Jurong (segundo reportagem do Século Diário http://www.seculodiario.com.br/exibir_not.asp?id=5803).

Nada foi dito nos jornais e na televisão... ninguém soube!

Quanto mais conheço Aracruz mais tenho pena de seus cidadãos, principalmente aqueles que não tem por quem esperar. Condenados a assistir aos bacanais da corte que joga ao "Deus-dará" as terras, riquezas e tributos de uma cidade, depositados nos tanques de gasolina dos carros importados dos patrões e dos donos da cidade, enquanto que para os pobres, não tem direito nem mesmo a um valão num barranco desmatado onde possam cair mortos. Para os pobres, Aracruz é uma cidade de mão única, com todos os sinais fechados!

Punição aos verdadeiros assassinos de Wanderly!
Terra e Liberdade para o povo da Portelinha!
Cadeia para corrupto e para corruptor!
Justiça para ARACRUZ!

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quinta-feira, 20 de maio de 2010

ESCALAÇÃO PESADA EM EUROS!

A estrela é Kaká, que eu, particularmente, não gosto.

É um dos jogadores milionários do milionário clube “Real Madrid”, da Espanha, e, diga-se de passagem, está jogando de maneira desprezível no Real e no real. Kaká dribla pouco e não possui lançamentos plásticos geniais como os do Ronaldinho Gaúcho. A jogada clássica de Kaká é dar uns passos largos com a bola e chutar de longe para o gol que, muitas vezes acerta, ok, vá lá... mas ultimamente tem errado muito. Mas ainda assim é pouco para um “camisa 10” (estrela) de seleção brasileira.
Considero este o pior meio-campo da história da seleção brasileira que até hoje eu vi. O esquadrão mortal é: Josué (ex-São Paulo), Gilberto Silva (Ex-Atlético), Kléberson (Flamengo), Felipe Mello (ex-Flamengo), Elano (ex-Santos), Ramires (ex-cruzeiro), Kaká (ex-São Paulo) e Júlio Batista (ex-São Paulo).

O Ataque também deixa a desejar, embora eu tenha gostado de Nilmar, Luis Fabiano e, até mesmo do Grafite, que não é lá o mais badalado na mídia, mas foi artilheiro do campeonato alemão na ultima temporada com gols lindos que, felizmente, pude ver na TV! Adriano, que era quem concorria a essa vaga, não liderou a artilharia nem do “Cariocão”. Não sou moralista e não acho que Adriano deveria ficar de fora por causa da noiva ou por causa da “Chatuba”, acho que ele deveria mesmo ficar de fora pelo mal futebol e por ter corrido do pau na Itália em busca de um futebolzinho mais fácil e meia boca no Rio de Janeiro.

Não gostei da convocação do Robinho, embora ache seu futebol mais interessante que o do Adriano. Neste caso, a influência da seleção brasileira na cotação do mercado da bola é fundamental para compreender isso tudo, na minha opinião. Robinho se tornou faz um tempo a “gracinha” da rede Globo. O atacante favorito de Galvão Bueno, atacante que aparece no casseta e planeta, aparece tocando pandeiro, rindo, fazendo piadinha etc coisa e tal.

Robinho foi vendido ao Real Madrid no auge, por 50 milhões de dólares! A passagem de Robinho pelo Real foi aquém do esperado. Após a passagem fraca pelo Real, foi vendido ao Manchester City por um preço ainda alto, 42 milhões de EUROS, decadência no que deveria ser a idade do auge de um jogador de futebol!

Vale lembrar que os donos do Manchester city são parte de um grupo dos Emirados Árabes liderados por, ninguém menos que, Kia Joorabchian, que é dono da MSI (media sports investment). Em 2004 mantiveram uma parceria com o Corinthians fraudando bisonhamente o campeonato brasileiro de 2005 e garantindo o título ao “timão”. Em 2007 toda a lua de mel com o Brasil chegava ao final quando a justiça federal acatou a denuncia do MP contra a MSI por lavagem de dinheiro.

A convocação de Robinho, tirando pelo discurso oficial de Dunga, não deveria fazer o menor sentido. Desde os 17 anos, praticamente, ele não faz boas partidas, jogou decepcionantemente mal no Real Madrid. No Manchester city onde, às vezes, ele não ficava sequer no banco de reservas. Sua passagem na Inglaterra é desastrosa (ele está apenas emprestado ao Santos). Teve que pedir “arrego” e voltar com o rabo entre as pernas para disputar o campeonato paulista onde consegue se destacar devido o patético nivelamento por baixo. Faz parte da leva de atacantes que estavam mal sucedidos lá fora e retornaram ao Brasil para se manterem na mídia e no imaginário popular da torcida de times de massas, principalmente (Ronaldo no Corinthians, Wagner Love e Adriano no Flamengo, Fred no Fluminense e etc).

Dunga gosta de afirmar que os jogadores tiveram tempo para superarem eventuais “más fases” e provar que merecem a camisa amarela, Dunga gosta de repetir que esperava que jogadores “construíssem sua casinha na seleção brasileira”, mas Robinho, contraditoriamente, não fez nada para testificar isso neste ultimo ano. Jogou quase 40 partidas pela seleção e fez 13 gols. Sua média de gols por jogos é de cerca de 0,3, a título de comparação, menor do que a de um jogador como Daniel Carvalho por exemplo. Em que pese tudo isso, Robinho é o atacante de cadeira cativa com Dunga.

No Santos, Neymar registrou 33 gols em 69 jogos. Robinho, em 69 jogos pelo Santos, entre 2002 e 2003, havia feito 18 gols. Robinho chegou ao 33º gol apenas na 106ª partida, em 2004. No campeonato paulista deste ano, em 19 partidas marcou 8 gols.

Independente nos gols, uma convocação para seleção brasileira elevaria a cotação de Robinho e garantiria uma boa transferência para Kia... quer dizer, para o Manchester City!

Dunga já fez outras caridades para cartolas de Futebol. Nesta lista, Flamengo e São Paulo são os favoritos. Convocou Jonatas, do Flamengo (esquizitamente e inexplicavelmente), em 2006, logo após ele foi vendido ao Espanyol por 5,5 milhões, uma valorização relâmpago pré-venda. Com o Ilsinho, do São Paulo, após apenas uma convocação em 2007, foi vendido para o Shakhtar por 30,5 milhões. Vestir uma camisa amarela num jogo oficial pode render muita grana para alguém, e nada é por acaso.

No geral, “heróis” dos gramados costumam render muito dinheiro fora de campo mesmo depois de muito tempo (mesmo após o fim de seu apogeu). A chegada de Beckham ao Real Madrid, por exemplo, aumentou em 40 milhões de Euros a arrecadação do clube. Ronaldinho Gaúcho aumentou de 10 para 20 milhões a arrecadação do Milan. No Corinthians, a chegada de Ronaldo fenômeno representou uma arrecadação de 19 milhões só com patrocínios. Na época de sua estréia, em apenas uma tarde, o Corinthians vendeu todas as camisas “9-Ronaldo” em sua loja oficial, o que significou uma receita de 13.500 reais. Cada gol de Ronaldo com a camisa do Corinthians valem mais de 250 mil reais.

Futebol é uma bolsa de valores de cartas bem marcadas.

Ai vai a escalação na íntegra, para quem ainda não viu, e na frente do nome dos convocados vai os clubes que revelaram cada jogador ou clubes onde viveram melhor fase enquanto jogavam no Brasil. Dessa lista apenas 3 ainda estão no Brasil.

Julio Cesar – Flamengo

Gomes - Cruzeiro

Doni Corintians e santos

Juan - Flamengo

Lucio - Inter

Luisão - Cruzeiro

Tiago Silva - Fluminense

Daniel Alves - Bahia

Maicon - Cruzeiro

Michel Bastos – Atl Paranaense e Grêmio

Gilberto – Do cruzeiro

Gilberto Silva –Atlético Mineiro

Josué – São Paulo

Felipe Melo - Flamengo

Elano - Santos

Kleberson - Flamengo

Kaka – São Paulo

Julio Batista – São Paulo

Luis Fabiano – São Paulo

Nilmar - Internacional

Grafite – São Paulo

Robinho - Santos

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sábado, 15 de maio de 2010

PATRIOTISMO DE CHUTEIRAS

Tadeu Guerzet

Mais uma copa do mundo, mais uma convocação e mais um(a) presidente(a) será eleito(a) este ano. Momento propício para a retomada do velho patriotismo de chuteiras: Brasil, tudo verde e amarelo! “Samba, mulata e futebol” ocupando o imaginário da classe trabalhadora que se contenta: tudo vai mal, mas o meu país é o país do carnaval, pentacampeão mundial. Apesar da precarização dos empregos cada vez maior, apesar do desaparecimento paulatino da carteira de trabalho e apesar da violência, concentração de renda e o desemprego.

O futebol e, sobretudo, a copa do mundo e a seleção (partes de uma totalidade) cumprem sua função política patriótica. Karl Marx citou certa vez que o capitalismo faz do mundo sua “imagem e semelhança”. Sendo assim, como tudo neste mundo, o capital transforma o futebol também em mercadoria, comercializável e, para quem quiser consumir, bem caro as vezes!

Os torcedores não são torcida, se transformam em fanáticos religiosos, dogmáticos e, muitas vezes, burros. É hora de retirar da gaveta aquela velha camiseta da seleção. Mesmo aquelas pessoas que nem gostam muito de futebol começam a pintar a rua, comprar toda a parafernália inútil que, depois da copa do mundo, são esquecidas. Eu me ponho a pensar em vão: “Numa manifestação, lutando por direitos, eu escuto de muitos que uma passeata é coisa inútil, sem resultado, coisa de vagabundo e sem propósito. Outros tantos me respondem dizendo que gostam do que eu faço mas não participam, pois são pessoas muito atarefadas e não querem perder tempo com essas coisas. Porque essas mesmas pessoas perdem tempo com outras tantas bobagens definitivamente sem propósito algum?”

Os jogadores são “anúncios que jogam”. O objetivo é o resultado final, danem-se os 90 minutos de partida, o importante é o apito final. É o futebol praticado hoje em dia pelos cartolas, políticos e generais do gramado. Receio que pode estar chegando o dia em que algum cartola irá sugerir que se diminua o tempo da partida nas regras oficiais do futebol, diminuindo assim o desgaste dos jogadores mega-valiosos e podendo ampliar o número de partidas num dia, otimizar a utilização dos estádios, aumentar o número de torneios em um ano, assinaturas de pay-per-view e contratos com emissoras. A história do futebol, como diria Eduardo Galeano, é a “triste viagem do prazer ao dever”. O drama a inocência perdida para um futebol burocratizado, tático, parafernálico, pragmático, propagandístico, dogmático e alienante.

No Brasil, o futebol adquire dimensões especiais. Época de copa do mundo, o Brasil se veste numa só nação! Sobre a entrevista coletiva de Dunga, não pretendo comentar sobre o péssimo meio-campo convocado e, diga-se de passagem, não concordei com nenhum nome, nem mesmo o do Kaká, mas dane-se quem não concorda comigo. Pretendo comentar sobre o patriotismo exacerbado do discurso de Dunga, parecia pintar um pseudo campo de batalha onde entraremos em breve e precisamos sair de lá com uma vitória a qualquer custo, chegou a me lembrar Colin Powel defendendo a invasão ao Afeganistão.

Ainda na entrevista coletiva, é emblemática a fala de Dunga justificando a convocação da seleção brasileira (e prevendo as infalíveis críticas): “Meu papel é fazer com que um trabalhador que sai de casa as 5h da manhã para trabalhar possa sorrir e se distrair quando chegar em casa a noite”. Além do sorriso deste trabalhador, que irá sonhar com Kaká a noite, existem as milhares e incontáveis atividades econômicas diretas e indiretas ligadas à copa do mundo relacionadas ao nível de consumo, a euforia produzida e ampliada a cada dia que se aproxima a abertura do primeiro jogo da copa, a quantidade de espectadores ligados numa tela de TV na final (no caso de o Brasil estar lá), a propaganda vendida neste momento, a cotação dos preços de cada jogador de cada seleção, as apostas e “bolões” sobre os resultados, o consumo de bebidas alcoólicas, o consumo de transporte e deslocamento, os ambulantes, uma série de atividades que preencheriam uma longa lista. Ou seja, você não acha que é muito dinheiro envolvido para nós supormos que se trata apenas de um jogo?

SIM!

Supormos que, pior, os resultados são completamente aleatórios e condicionados à “sorte” ou ao preparo físico dos jogadores, a qualidade do bom futebol e o esquema tático do treinador? É muito dinheiro envolvido para nós, seres pensantes acreditarmos que o futebol é “uma caixinha de surpresas” como diz repetidas vezes Galvão Bueno. É muito dinheiro envolvido para acharmos que tudo está exclusivamente nas mãos (ou nos pés) de jogadores humanos advindos da extrema pobreza, sem garantias e vivendo no frenesi de seus 19, 20, 21, 22 e 23 anos de idade com dinheiro de sobra no exterior, com fama, mulheres, amigos e vida fácil.

O próprio Dunga na coletiva de hoje (11/05) alertava para as “pressões externas do futebol” quando reclamava do suposto “lobby” da imprensa pressionando a convocação de Ganso e Neymar. Muito dinheiro, poder político e capacidade de difusão. É uma questão de hegemonia! Muitas guerras já foram travadas pelo mundo motivadas por montantes de dinheiro inferiores aos de uma copa do mundo, ou uma “UEFA Champions League”.

O discurso de Dunga não é obra do acaso. É parte de uma construção ideológica para estabilizar a transição política. O fim da era Lula. O presidente escolhido pelas elites para conter os movimentos sociais respeitando os acordos e o consenso de Washington.

O papel da seleção brasileira de Dunga será unificar a nação com o discurso hipócrita de que é possível vencer com trabalho e disciplina, mesmo sem heróis.

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quarta-feira, 14 de abril de 2010

TERRA PARA QUEM NELA VIVE!

Este final de semana estivemos em Aracruz acompanhando o drama da comunidade da Portelinha.
Trata-se de uma área da prefeitura que havia sido doada ao Polo Industrial da cidade. A instalação do polo deixou de lado um pequeno trecho que não tinha utilidade. Depois disso, 160 familias foram, ao longo de 4 anos, se instalando vivendo, se juntando, trabalhando na Portelinha.
A região é muito bem cuidada, limpa, não possui problemas com tráfico de drogas e nem violência. Muitas casas plantam hortas e pés de árvores frutiferas.

Recentemente a prefeitura começou a ameaçar essas famílias de despejo, argumentando que o MP haviadado esta ordem com o argumento de que aquelas famílias estariam causando danos ao Meio Ambiente.

O interessante é que o municipio de Aracruz é conhecido por ter devastado sua mata atlântica para o plantio de Eucalipto para a empresa Aracruz Celulose, hoje, Fibria.

Essa ameaça foi suficiente para o povo começar a se organizar. Familias sairam as ruas na cidade de Aracruz e, na segunda feira, fomos até a câmara de Vereadores pressioná-los para que interviessem junto ao prefeito. Foi tirada uma comissão da qual fizeram parte algumas lideranças da portelinha, além da advogada Gilcinéia, eu, pelo movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), e o Vitor César pelo DCE da UFES.

Nessa reunião os vereadores firmaram um compromisso de se reunirem com o prefeito no dia seguinte.

O Movimento reivindica que a área da Portelinha seja doada aquelas famílias de uma vez por todas.

Ontem, de volta a Vitória, tivemos a notícia de que a ordem de despejo havia sido retirada temporáriamente. Agora a luta deve se intensificar.

Estaremos publicando neste blog notícias do andamento da luta popular na comundiade da Portelinha, em Aracruz-ES.

Saudações Socialistas
Tadeu Guerzet

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sábado, 27 de março de 2010

PH: DO MITO DO"FICO" AO POSSÍVEL “QUEREMISMO”

“O Dia do Fico deu-se em 9 de janeiro de 1822 quando o então príncipe regente D. Pedro de Alcântara foi contra as ordens das Cortes Portuguesas que exigiam sua volta a Lisboa, ficando no Brasil.

Por volta de 1821, quando as Cortes Gerais e Extraordinárias na Nação Portuguesa demonstraram a idéia de transformar o Brasil de novo numa colônia, os liberais radicais se uniram ao Partido Brasileiro tentando manter a autoridade do Brasil. As Cortes mandaram uma nova decisão enviada para o príncipe regente D. Pedro de Alcântara. Uma das exigências era seu retorno imediato a Portugal.

Os liberais radicais, em resposta, organizaram uma movimentação para reunir assinaturas a favor da permanência do príncipe. Assim, eles pressionariam D. Pedro a ficar, juntando 8 mil assinaturas. Foi então que, contrariando as ordens emanadas por Portugal para seu retorno à Europa, declarou para o público: "Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico".

A partir daí, D. Pedro entrou em conflito direto com os interesses portugueses, para romper o vínculo que existia entre Portugal e o Brasil.

Este episódio prenunciou a declaração de independência do Brasil que viria a ser proclamada em 7 de setembro de 1822” . (Wikipédia)





A opção de iniciar a presente análise com essa citação da Wikipédia justifica-se por ela apresentar uma definição bastante representativa da simplificação histórico-social que marca nosso aprendizado básico sobre a participação de D. Pedro na Independência do Brasil. Segundo o padrão de ensinamento ao qual tem acesso todo brasileiro que cursa as séries iniciais, o “Dia do Fico” é lembrado como uma data histórica de maior grandeza. A expressão remete-se a um episódio carregado de construção simbólica. Ela enaltece o espírito heróico e patriótico do príncipe regente, vinculando-se diretamente ao mito da Independência, que por sua vez transfere a D. Pedro, como num passe de mágica, toda a responsabilidade pelo sucesso dos acontecimentos e relega a terceiro plano uma análise mais complexa dos cenários latentes, manifestações sociais e movimentação de forças políticas profundamente vinculadas ao processo de independência do Brasil.

Nosso objetivo é chamar a atenção para a forma como a imprensa tem tratado o anúncio do governador Paulo Hartung de que permanecerá no Governo do Estado até o final do ano e que, portanto, não mais disputará uma vaga ao Senado. A força e a intensidade com que a expressão “Dia do Fico” foi utilizada nos últimos dias demonstra uma carga de simbolismo comparativamente desproporcional entre os dois episódios: o anúncio de D. Pedro e o de PH. Como já foi dito, quer queiramos ou não, é fato que o “Dia do Fico” compõe a essência do mito constitutivo da Nação Brasileira.

Ora, nos próximos dias, em todo o país, haverá anúncios para todos os gostos: uns ficam, uns saem, uns voltam e por aí vai... É absolutamente legítimo e necessário que as movimentações eleitorais em torno do prazo limítrofe para desincompatibilizações sejam motivo de intensa cobertura da mídia. Todo cidadão merece saber o que se passa na política, sendo que mesmo uma boa dose de análise especulativa dos cenários faz bem à democracia. Mas no caso em questão, o questionável é a forma ufanista como qualquer atitude do governador, tido praticamente com ser messiânico, é abordada pelos veículos locais de comunicação.

A expressão “Dia do Fico” é a síntese da construção simbólica em questão. Em última medida, ela associa a imagem de Paulo Hartung a de Dom Pedro. Nivela uma atitude típica de períodos pré-eleitorais a um episódio histórico que décadas após décadas vem sendo difundido e cultuado pelo aparato ideológico do Estado brasileiro. Nesses casos, não há margem para se argumentar a ingenuidade ou o despretensioso ímpeto sensacionalista do primeiro profissional de comunicação (repórter, pauteiro, ou sei lá quem...) que após o anúncio do governador optou pela expressão, criando um efeito dominó. O fato é que a associação existe e foi amplamente massificada desde sexta-feira. Não parece coincidência que isto ocorra justamente frente às palavras de um governador de estado conhecido como “Imperador”. Com certeza, as páginas dos jornais capixabas nesses dias que se passam serão um bom material de pesquisa para aqueles que no futuro quiserem estudar a construção do mito Paulo Hartung.

Mas afinal, o que aconteceu? Por que Paulo Hartung desistiu de disputar o Senado? Por que resolveu mexer bruscamente no arranjo do tabuleiro que vinha montando desde 2009? Quem sai ganhando? Quem sai perdendo? Quais os cenários que se abrem? As perguntas para essas respostas tem movido os analistas políticos desde o momento em que PH anunciou sua permanência no Governo. Uma coisa é liquida e certa: toda a construção mitológica em torno de Dom Pedro, do Dia do Fico e da Independência do Brasil omite verdades e simplifica fenômenos histórico-sociais. Da mesma forma, a barulheira em torno do pseudo “dia do fico” de PH compõe um nevoeiro onde teoricamente apenas o comandante da nau saberá navegar. Disso, já podemos tirar uma conclusão: ora, se existe a necessidade de refazer o plano de viagem e de sabotar a estrada com um nevoeiro para que os demais navegantes (os adversários principalmente, mas inclusive os companheiros de viagem) fiquem atordoados... é sinal de que alguma coisa deu errada nos planos do comandante, que agora precisa retomar o comando, custe o que custar.

É óbvio que o artigo censurado sobre as masmorras capixabas e, principalmente, a exibição da situação dos presídios em fórum paralelo a evento da ONU abalaram a imagem do estado e forneceram vasta munição aos críticos da política de segurança do governador. É notório também que o acirrado debate em torno da questão dos royalties do petróleo deixa o governo em situação desconfortável. E ainda há as tais pressões familiares citadas pelo governador, sofridas por nove em cada dez políticos... Mas nada disso seria problema se a tese da candidatura única não enfrentasse problemas. Esse é no da questão! Ao que tudo indica, o principal obstáculo a demonstrar a fraqueza da operação política montada por PH em torno do nome do vice-governador Ricardo Ferraço é uma tensão latente no terreno eleitoral. O fantasma que assombra a nau governista tem cargo, nome e sobrenome: Senador Renato Casagrande.

O governador Paulo Hartung é conhecido por evitar confrontos diretos com adversários que tenham a menor possibilidade de polarizar os processos eleitorais e lhe impor derrotas. Em 1992, ele passou ao segundo turno das eleições municipais de Vitória graças a conflitos internos do PT, que levaram o então prefeito Vitor Buaiz a apoiá-lo nos bastidores, em detrimento do candidato petista João Coser. No segundo turno daquelas eleições, PH teve muitas dificuldades para vencer o Médico Luiz Buaiz, já um veterano em final de carreira. Desde então, PH sempre esforçou-se em montar amplas coalizações que lhe permitissem vitórias muito mais pelo isolamento dos adversários do que pela sua capacidade de obter votos na massa do eleitorado. Mesmo assim, em 2002 enfrentou dificuldades para evitar o segundo turno com Max Mauro.

Em 2010, as dificuldades de Paulo Hartung são ainda maiores, pois não será ele próprio o candidato. Ao optar por Ricardo Ferraço, o governador assumiu a incumbência de ir para o pleito com um candidato de origem oligárquica, de perfil enfadonho e pouco carismático. É claro que o peso da máquina governista e o trabalho dos consultores de marketing amenizam o perfil do vice-governador. Mas mesmo assim, o plano só estaria sob controle caso não houvesse uma candidatura com densidade eleitoral forte a desafiá-lo, o que não é o caso. A pesquisa do instituto Futura divulgada no último domingo (21) demonstra Ricardo Ferraço com 33% das intenções de votos, contra 28% de Renato Casagrande. Se considerarmos que o Senador sequer anunciou formalmente sua candidatura, é absolutamente sensato falar em empate técnico. Mas os problemas do governador tendem a se agravar na medida em que os outros dois candidatos colocados até agora, o deputado federal Luiz Paulo Velozo Lucas (PSDB) e a ex-deputada estadual Brice Bragato (PSOL) também tendem a crescer, por serem lideranças consolidadas entre os capixabas. Pelo curso das coisas até a última semana, o segundo turno seria inevitável!

Quem esteve na prestação de contas do senador Renato Casagrande, no sábado dia 12 de março, percebeu que havia um clima de euforia no ar. O ambiente lembrava uma grande plenária de reta final de campanha, quando se está próximo à virada rumo à vitória. A militância do PSB presente no teatro da UFES, sob a liderança de Casa Grande e do deputado federal cearense Ciro Gomes, demonstrava disposição para o embate eleitoral. O clima de contemplação aumentou ainda mais com a presença da deputada federal Rita Camata (PSDB). Circulava rumores de que o PSDB apoiaria Renato Casagrande, que teria a tucana como sua vice. Mesmo que a tal coligação seja pouco provável em função dos desencontros entre os palanques nacionais, uma coisa deve incomodar muito ao governador, ainda que no campo das hipóteses: esta aliança seria uma grande ameaça, podendo colocar por terra todo o projeto em torno do nome do vice-governador.

Com certeza o PSB vem fazendo pesquisas para monitorar o comportamento do eleitorado. Quem sabe esteja de posse de informações até mais favoráveis do que aquelas divulgadas por A Gazeta. A partir dessa premissa, fica mais fácil interpretar a postura do senador Renato Casagrande e mesmo o clima de euforia da sua prestação de contas. E, por conseqüência, joga luz sobre o comportamento de Paulo Hartung ao anunciar sua permanência no Governo e facilita o desenho dos possíveis cenários a se consolidarem até junho.

Sem levar em consideração as implicações de uma eventual candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República, que poderia forçar o senador Renato Casagrande a manter sua candidatura ainda que em condições muito adversas, cenário que nos parece pouco provável, tudo indica que a estratégia de Casagrande no tabuleiro da política capixaba é esticar a corda até o limite máximo, sempre confiando em sua grande densidade eleitoral manifestada em pesquisas. Até a última semana, dois cenários certamente prevaleciam: (1) a candidatura de Casagrande forçaria o governador Paulo Hartung a abrir um espaço na chapa governista correspondente ao poder de fogo atual do senador; (2) Renato Casagrande assumiria sua candidatura a governador após Paulo Hartung deixar o governo para ser candidato ao Senado. Nessa segunda hipótese, o PSB intensificaria o discurso oposicionista na perspectiva de fragilizar o Governo Ferraço, ao mesmo tempo em que aumentaria o assédio na perspectiva de compor uma frente de aliados com partidos que abandonariam o barco ferracista. Os bons resultados das pesquisas ajudariam nessa missão de romper o isolamento.

Ao anunciar que não deixará o Governo, Paulo Hartung estreita o raio de manobras do PSB e dificulta ainda mais a constituição de uma aliança em torno de Casagrande a partir de forças políticas que romperiam com Ricardo Ferraço. Mas ao mesmo tempo, cria as possibilidades de incorporar Renato Casagrande no projeto sucessório do Governo, na medida em que a vacância de uma candidatura ao Senado aumenta o poder de barganha dentro da frente ferracista. Ou seja, por um lado, as possibilidades de movimentação do PSB, que já eram curtas, ficaram ainda memores, mas por outro, aumentaram as possibilidades de incorporação dos socialistas no arranjo coordenado por PH. A coligação entre PSB e PSDB continua sendo um caminho promissor eleitoralmente. Porém, como já foi dito, exacerbaria contradições e conflitos entre os palanques nacionais.

Outro cenário possível, apesar de muito remoto, seria o PT aproveitar o momento de reviravolta na cena política capixaba para fazer a autocrítica da estratégia equivocada construída desde 2009. O prefeito de Vitória João Coser apostou numa jogada que garantiria a indicação do vice-governador na chapa de Ferraço e uma tal “reserva de mercado” para sua candidatura ao Governo em 2014. Mas na prática, a precipitação demonstrou-se um completo fracasso, algo que beira amadorismo político.

As movimentações recentes de Paulo Hartung transformaram o sonho petista em pesadelo. Como Ferraço não assumirá o Governo, ele poderá ser candidato à reeleição e eventualmente ficar no poder até 2018. Nesse caso, a vaga de vice-governador parece pouco para o PT, que foi o maior vitorioso das eleições municipais de 2008 e pelo que tudo indica continuará na Presidência da República a partir de 2011. A outra possibilidade ventilada seria João Coser deixar a prefeitura de Vitória pra disputar o Senado. Nesse caso, o PT entregaria sua maior vitrine administrativa ao peemedebista Tião Barbosa, atual vice-prefeito da capital e hartunguista de carteirinha. Na prática, resolver-se-ia a vida de Coser, que caso eleito assumiria um mandato de oito anos, mas correr-se-ia o risco de prejuízos incalculáveis para o projeto petista. O atual prefeito da Serra, Sérgio Vidigal, passaria a ser o principal nome na fila sucessória do Governo Estadual.

Num cenário intrincado como esse, não seria nenhum absurdo se o PT considerasse zeradas todas as negociações e retomasse sua aliança histórica com o PSB. Juntos, os dois partidos criariam um tensionamento no mercado político tão grande quanto qualquer fato político que PH possa criar para favorecer seu candidato. Mas ao contrário do governador, a cúpula petista é incapaz de agir com imprevisibilidade e desprendimento político. Falta capacidade de formulação estratégica, autonomia partidária e ousadia militante!

Por fim, há quem acredite que tudo não passar de jogo de cena do governador. Segundo essa tese, no inicio de abril, após ter sido alvo de muita bajulação, PH dirá que acata ao chamado da sociedade e de lideranças políticas nacionais para assumir a tarefa sagrada de se candidatar ao Senado. Se depender do estado de ânimo da imprensa local, estaríamos diante não mais do “FICO”, mas do “Movimento Queremista”, como aquele que em 1945 pediu a permanência de Getúlio Vagas no poder. Felizmente, o movimento foi um fracasso e a ditadura do Estado Novo teve seu fim. Mas esta é uma outra história! Aguardemos o virar das páginas.


Ronaldo Cassundé - Jornalista, Consultor Político e Mestre em História Social das Relações Políticas pela UFES.

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terça-feira, 23 de março de 2010

QUARESMEIRAS X EUCALIPTOS

Destruíram nossas quaresmeiras, mas não impedirão nossa primavera!

A Mata Atlântica é uma das florestas mais devastadas do Brasil. Cerca de apenas 7% de sua área original permanece de pé.

Este final de semana fiz uma incursão pelo município de João Neiva-ES, passando por um dos trechos mais bonitos que já vi nesses estradões do interior (que não foram poucos).


Na ocasião, eu buscava chegar à comunidade remanescente Quilombola de São Pedro de Ibiraçu, que fica no município de Ibiraçu, embora se localize mais perto de João Neiva do que propriamente de Ibiraçu!.

Estavamos no carro eu, o companheiro Nilson Aliprandi e o companheiro Josely dos Reis, ambos membros do MTL.

Josely é um companheiro que se destaca na lua ambientalista no Espírito Santo. Partiu dele denuncias, coleta de provas, levantamento de desmatamentos, envenenadores de florestas, madeireiros, caçadores de animais em extinção, abatedouros clandestinos etc...etc... Muitas de suas brigas resultaram em importantes vitórias tanto na área da luta ambiental quanto dos direitos humanos como um todo, além do combate a corrupção no ES.

As diversas multas e apreensões que Josely causou a alguns proprietários rurais renderam a ele uma série de ameaças. Hoje, até onde sabemos, ele faz parte de duas listas de pessoas marcadas para morrer no interior do ES.

As terras daquela região, em grande parte, são de posse de pequenos agricultores que estão desmatando a Mata Atlântica para plantar eucalipto, motivados pelo fomento da Aracruz e promessas de lucros. Não preservam a mata desmotivados devido a falta de incentivo do governo para a pequena agricultura, falta de proteção e crédito ao pequeno camponês. Ou seja, cobiça de um lado, e favorecimento à empresa do outro.

Algumas propriedades, no entanto, pertencem a pessoas não-moradoras. Muitos são advogados, policiais e demais profissionais que moram e trabalham na capital, muitas vezes. Tem a terra por lazer.

Basicamente apuramos duas formas mais visíveis de desmatamento: O envenenamento das florestas e a derrubada sorrateira.

Em ambos os casos o comportamento das matas se assemelham a de animais sendo acuados por predadores ou pela ação do homem. Um olhar sensível te permite sentir a mata gritando por socorro enquanto é englobada paulatinamente pelos eucaliptais, sendo “fagocitada” vagarosamente e dolorosamente pelo "deserto verde", pela mata sem vida.

O envenenamento de florestas se dá quando há a aplicação direta nas árvores que vão secando até irem morrendo deixando uma área, que antes era mata densa, com cada vez menos árvores, que vão secando, caindo até se transformar num campo morto, vazio, pronto para o plantio do eucalipto.

A derrubada sorrateira é feita, na verdade, quando há o plantio do eucalipto numa área encostada na mata, e a cada corte, se derrubam mais árvores e se desmata mais circunscrevendo a mata atlântica e comprimindo-a, tornando-a uma ilha frágil num mar de eucaliptos que vai crescendo e tomando cada vez mais espaços.

A situação dessa região, especificamente, é dramática. Passamos por diversas nascentes de água já secas, córregos assoreados, restos de mata podre envenenada, ilhas de matas em meio à cortina de eucaliptais.

Certas áreas de matas estão tão ilhadas em meio ao eucalipto, ou, estão secando tão rapidamente, que é inevitável conjecturar o cenário sem aquelas árvores para muito em breve.

Uma floresta tão rica, bonita, colorida e refrescante, onde espécies como “xuxus” e “palmeiras” crescem de maneira nativa, corre o risco de desaparecer nessa região.

Nessas terras é onde se encontra o maior Jequitibá do Brasil. Quaresmeiras lindas e roxas, disputando espaço com eucaliptos feios, padronizados, sem vida.

No final foi recompensador chegar à comunidade quilombola de São Pedro. Um povo que luta contra as dificuldades do isolamento e da falta de assistência pública, lutando pelo seu território de direito e pela subsistência. Uma agricultura de subsistência onde grande parte é coletivizada e dividida entre eles mesmos.

Por fim, sobre a Mata Atlântica, fizemos filmagens e tiramos diversas fotos para cobrar das autoridades e exigir que sejam fiscalizadas estas áreas. Exigiremos que quem derruba floresta sejam punido, multado e que a área seja reflorestada. Manteremos firmes na luta em defesa da Mata Atlântica.

Tadeu Guerzet

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segunda-feira, 15 de março de 2010

JUVENTUDE DE LUTA COM MARTINIANO

O blog do Martiniano publicou no primeiro dia do mês de março o texto de Tadeu Guerzet apoiando a sua candidatura. O texto segue abaixo, mas você também pode ver direto no blog do Martiniano clicando aqui.

"O PSOL está às vésperas de definir quem será seu candidato a presidente da república. Esta definição será a mais importante da conferência eleitoral, visto que, infelizmente, a política brasileira é tradicionalmente focalizada em personalidades, e não nos partidos.

Esta eleição terá um significado grande para nós. Estaremos fragilizados sem um nome de expressão como Heloísa Helena, que irá agora garantir a representação do PSOL no senado por 8 anos e podendo ser candidata a presidente novamente numa situação muito mais privilegiada.

Um dos principais motivos pelo qual a juventude deve estar com Martiniano, em minha opinião, é porque essa juventude é quem será responsável por carregar a construção do PSOL nas costas durante este período desgraçado de estabilização e de descenso que atravessaremos. A “JUVSOL” de hoje é quem estará presente e deverá ser capaz de transformar este nosso pequeno partido numa ferramenta que conquista a confiança do povo, que dê respostas e tenha musculatura para protagonizar um processo de levante das massas no Brasil.

Dessa forma, é preciso pensar quais tarefas precisam ser cumpridas neste processo eleitoral.

Precisamos consolidar novas lideranças para este partido, que se propõe a cumprir tão difícil tarefa. Precisamos, através de nossas figuras públicas conquistar a confiança do povo, fazendo uma utilização revolucionária dos parlamentos reacionários, como dizia Lenin. Precisamos consolidar o PSOL em regiões diferentes do Brasil. O PSOL não pode ser apenas um partido de SP, RS e RJ. Precisamos, acima de tudo, que o nosso candidato a presidente da República este ano, possa se utilizar do acúmulo deste processo resultante da exposição de seu nome, para continuar cumprindo tarefas para o PSOL, se apresentando como candidato novamente em outras eleições independente do cargo que concorra.

É por isso que, acertadamente, João Alfredo optou por ser candidato no Ceará e manter seu mandato. É por isso que, acertadamente Edmilson Rodrigues optou por ser candidato no Pará e manter seu mandado. É por isso que Ivan Valente optou por ser candidato em SP, Luciana Genro no RS, Chico Alencar no RJ, e é por isso também que nosso candidato a presidente precisa ser Martiniano, para cavarmos dentro da institucionalidade burguesa a construção de uma nova trincheira do PSOL que não deixará suas tarefas partidárias depois de outubro.

Por exemplo, a candidatura de Heloísa Helena a presidente da república garantiu a ela visibilidade suficiente para que, nas eleições seguintes, saísse candidata a vereadora no município de Maceió e para que fizesse 29.516 votos e elegesse com ela Ricardo Barbosa que havia feito 453 votos, mas que vem se destacando e ganhando referência na sociedade Alagoana como parlamentar de esquerda, honesto e de luta. Com Heloísa Helena entrando no senado, teremos a oportunidade de começar a construir mais um nome do PSOL na sociedade, o suplente do PSOL poderá ter esta oportunidade de se destacar como liderança socialista no parlamento.

Com dois vereadores em Maceió, a representação do PSOL é maior que a do DEM, do PSB, do PCdoB, do PSDB e do PT! Isso sim é enfrentar o poder e combater de verdade. Isso sim faz a direita tremer, quando retiramos deles seus privilégios políticos.

A juventude do PSOL precisa que esta candidatura nacional apresente continuidade em outras lutas, e essa resposta a candidatura de Plínio de Arruda Sampaio não é capaz de dar, infelizmente. O próprio Plínio afirmou que esta será sua última tarefa como militante de esquerda. Infelizmente.

Todos sabem da grandiosidade do nome de Plínio e o quanto ele é importante para o nosso partido e para demonstrar a nós, jovens, que a chama revolucionária é imortal e que os sonhos não envelhecem. Como eu mesmo já disse, Plínio de Arruda Sampaio é um dos militantes que eu mais admiro dentro do PSOL. Mas como candidato a presidente, ele não cumpre a função necessária.

Do que serviria a candidatura de Plínio?

Para buscar hipoteticamente um apoio de alguns intelectuais e movimentos sociais, da mesma forma como tentamos com César Benjamin na eleição anterior? Tentaremos consolidar o nosso partido para disputar o Brasil utilizando sempre as mesmas táticas erradas, baseadas nas hipóteses e análises equivocadas e, tentando influenciar setores inteiros da sociedade utilizando um nome da menor corrente de um dos menores partidos do Brasil, o PSOL?

Martiniano têm condições para potencializar a campanha presidencial com vigor, acompanhando as candidaturas proporcionais nos estados e, na próxima eleição, retornar a campo com uma candidatura alavancada pela corrida presidencial e pela situação privilegiada de onde encaramos o debate contra PT, PSDB e Marina Silva. Será capaz de cobrar de Marina Silva respostas sobre conversas entre o PSOL e o PV que ele, Martiniano, não se furtou de fazer, como dirigente partidário que é.

Este perfil garantirá a nós irmos para esta eleição capazes de acumular política. Poderemos fortalecer o PSOL em regiões diferentes, preparar novos mandatos parlamentares para que possamos preparar nossos novos quadros para enfrentar esta conjuntura de defensiva. Isso significará que poderemos indicar alguma referência quando nos perguntarem quem é do PSOL.

Para restabelecer seus vínculos com os movimentos sociais, com as massas e com a disputa de consciência na sociedade, não adianta ter um partido que seja capaz única e exclusivamente de afirmar seus princípios para as paredes. Do que adianta ter uma candidatura com único propósito de afirmar em poucos minutos na televisão que estas pessoas, desempregadas, sem comida, sem dinheiro e sem acesso à educação, precisam ser socialistas como nós. Que uma jovem liderança quilombola, ou de um bairro ou comunidade urbana, que resolva entrar hoje no PSOL para se lançar candidata, deva ter o nosso espírito de sacrifício, optando pelo PSOL mesmo nunca tendo condições de ganhar, eternamente sem legenda e sem condições sequer de causar preocupação aos políticos da burguesia hoje no poder! Com o único objetivo de demonstrar à opinião pública como somos bons.

Se hoje quem influencia de verdade os movimentos sociais é o PT, isso se dá porque o PT tem parlamento, tem institucionalidade. O PT tem um posto privilegiado para estabelecer suas relações com os movimentos sociais. Nenhum discurso é capaz de influenciar setores por si só.

Convencer uma pessoa comum do espírito de abnegação que nós temos é difícil. Que aquele cidadão comum não pode vender o voto para o candidato que lhe oferece uma “contra-partida”, porque os honestos mesmo somos nós! Que um trabalhador comum não pode votar em Paulo Hartung, em José Serra, em Lula porque somos nós o bastião da boa vontade. Convencer este trabalhador que ele precisa votar num candidato cheio de boas intenções, mas que jamais ganhará alguma eleição no restante da pouca vida que lhe sobra. Isso tudo em poucos minutos de TV e antes da novela e do Big Brother!

Nosso vínculo com as massas serão restabelecidos a partir de experiências concretas que nós precisaremos viver com as massas, e não experiências terceirizadas aos movimentos com quem morreremos tentando convencer a se aliarem conosco oferecendo à eles única e exclusivamente discurso!

Uma candidatura não é um objetivo em si só, não é uma “experiência concreta com o povo”. Um mandato pode ser. Menosprezar isso enchendo a boca para falar abstratamente que a “saída são os movimentos sociais”, não responde a questão.

Hoje no PSOL quem mais repete o mito de que não devemos nos preocupar com eleições e que a “saida está nos movimentos sociais” é justamente quem está mais afastado de tais movimentos. Pois não compreendem a dialética existente em política e a relação necessária que os movimentos sociais estabelecem com a institucionalidade. Ainda recorrendo a Lênin que disse uma vez aos esquerdistas que seus preconceitos parlamentares não passavam disso, de preconceitos.

Por isso a juventude precisar estar com Martiniano. Construindo, concomitante ao PSOL, suas lideranças. Um nome que não pretende concluir suas tarefas no PSOL em outubro, depois do Plim-plim da Rede Globo."

Tadeu Geurzet

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domingo, 14 de março de 2010

ESTUDANTES REALIZAM MANIFESTAÇÃO PELA REDUÇÃO DA PASSAGEM E SÃO AGREDIDOS PELA PM E GUARDA MUNICIPAL (COM COMENTÁRIO DE TADEU)



Link Youtube

Na tarde desta terça-feira, dia 9 de março, estudantes capixabas universitários e secundaristas realizaram manifestação em Vitória exigindo a redução da passagem e a democratização do Conselho Tarifário.

Durante o protesto, os estudantes ocuparam parcialmente a Avenida Beira Mar, caminhando da Prefeitura Municipal até a sede da Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb-GV), onde pretendiam ocupar toda a avenida, a fim de realizar um Júri Popular sobre a calamidade do sistema de transporte público coletivo da Grande Vitória.

Entretanto, em frente à Ceturb, no momento em que os estudantes iniciaram o ato sentados na pista, Policiais Militares e Guardas Municipais começaram a agredir os participantes e a retirá-los à força. Conforme imagens divulgadas no Jornal ES TV Segunda edição, de A Gazeta, os estudantes foram, violentamente, arrastados pelo asfalto. As cenas mostram a truculência dos agentes de segurança pública, do Estado e da capital, quando um secundarista menor de idade é agarrado pelos cabelos e pés e tem o corpo arremessado há metros de distância.

De acordo com Vítor César Noronha, do Diretório Central dos Estudantes da Ufes (DCE/Ufes), ao contrário do que a Ceturb vem divulgando, os estudantes não foram atendidos pela empresa. “É um absurdo toda essa violência e descaso. No mês passado, quando ocupamos o prédio do Setpes, foi feito um acordo que, posteriormente, tanto o Setpes quanto a Ceturb se negaram a cumprir”, explica Vítor César.

O acordado entre os manifestantes e as empresas de transporte (Ceturb e Setpes) era a realização de uma reunião do Cotar (Conselho Tarifário) com participação de uma Comissão (formada por trabalhadores e estudantes do movimento) para debater sobre as reivindicações apresentadas no manifesto do movimento.

“Fomos à Ceturb na data sugerida para a reunião, mas não fomos atendidos. Eles não cumpriram o compromisso assumido com o movimento e continuam tratando com descaso nossas reclamações, por isso nos mobilizamos para mais uma manifestação. E faremos quantos protestos forem necessários até que eles atendam nossas reivindicações”, afirma Vítor César.

As principais reivindicações do movimento são a redução imediata da tarifa das passagens, a concessão de passe-livre para estudantes e desempregados e a democratização do Conselho Tarifário, com maior representação da sociedade civil organizada.

Além disso, o movimento questiona também o atual modelo de transporte público coletivo. “É necessário colocar em debate o modelo de transporte que temos hoje. Não podemos aceitar que nosso direito de ir e vir seja tratado dessa forma. Queremos um transporte coletivo realmente público, de qualidade, onde os usuários possam viajar com segurança, conforto e agilidade”, ressalta.

Karina Moura

Comentário:

"Estive na manifestação. É um absurdo que ainda hoje, depois das experiências autoritárias e depois das experiências recentes de 2005, o estado continue tratando manifestações pacíficas, greves e demais ações reivindicatórias com tais níveis de truculência.

Não dizem que atrapalham a "vida cotidiana do cidadão comum" quando o prefeito ou o governador acaba com uma rua para fazer canteiro, quando abrem-se buracos a torto e a direito, quandoinvestem em obras superfaturadas intermináveis. A Praia de Camburí começou a ser feita ainda na gestão de Luiz Paulo na prefeitura, depois de 8 anos de João Coser ainda está inacabada e causando transtorno no transito até hoje.

O Movimento continuará nas ruas. Porque algumas pessoas mais tacanhas acreditam que apenas as reivindicações do povo "atrapalham" a vida de alguém?"

Tadeu Guerzet


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segunda-feira, 8 de março de 2010

Quem é o réu?

Economistas, filósofos, sociólogos e entusiastas de plantão proclamam a superação do capitalismo por ele próprio. As análises contorcionistas (mais otimistas) constatam uma “elevação do padrão de vida da humanidade”. Tudo isso é creditado à reestruturação produtiva, ao avanço tecnológico, aos celulares que tiram fotos, carros com câmbio automático, brinquedos que falam, computadores portáteis, pseudo-melhorias nas condições de trabalho, e de uma manipulação estatística que transforma em “prosperidade” termos como “supérfluo”, “descartável” e “efêmero”.

Contrariando os “advogados do diabo”, que saltam de alegria a cada publicação dos altos índices de lucratividade semestral da CVRD (Bradesco, Monsanto, etc), e aos que comemoram o bom momento do mercado financeiro, temos a fotografia de uma realidade menos morta, escancarada por Ricardo Antunes em seu artigo “Karoshi Tropical”.

O Karoshi é um “acometimento fatal por sobre-esforço, sendo considerado uma doença relacionada ao trabalho e que freqüentemente está associada a longos períodos de horas trabalhadas”, fenômeno constatado no Japão, mais ou menos no período em que um novo padrão de acumulação surgia no mundo. Significa “morrer de trabalhar”, ou algo parecido com “estafa”. Fugindo a qualquer coincidência, a terra do Toyotismo é a única do mundo a possuir um termo lingüístico para definir “morrer de tanto trabalhar”, ou seja, “Karoshi”.

O primeiro caso registrado de Karoshi deu-se em 1969, no Japão, quando morreu um trabalhador de 29 anos por infarto, distribuidor de jornais da maior empresa japonesa do ramo. A notícia popularizou o termo Karoshi e o Ministério do Trabalho Japonês, sob pressão, começou a publicar as estatísticas de 1980 a 1987 e estas apontam para o fato de que o Karoshi privilegiava quanto à sua sintomatologia terminal: os ataques cardíacos e os acidentes vasculares cerebrais (AVCs), atingindo principalmente aqueles que trabalham mais de 3000 horas/ano.

No ano de 2003, foram 157 mortes por Karoshi no Japão, além dessas, ocorreram 155 casos de funcionários com disfunções cerebrais e doenças cardíacas originadas pelo prolongado número de horas trabalhadas. Das 312 vítimas do excesso de trabalho, 297 eram homens, a maior parte em torno de 50 anos e empregados em setores como transporte e comunicações. A estatística revelou, além disso, que em 2003 foi recebido um recorde de 438 solicitações de indenização por casos de distúrbios mentais, depressão ou suicídios ocasionados pelo excesso de trabalho, uma alta de 97% em relação ao ano anterior.

Além dos homicídios dolosos na lista de crimes do trabalho, existem seus casos culposos. Portanto, não se sintam seguros! Cerca de 3.000 pessoas se suicidam por dia no mundo, uma a cada 30 segundos. A Organização Mundial de Saúde (OMS), por ocasião do Dia Mundial de Prevenção do Suicídio declarou: "A porcentagem de suicídios aumentou em 60% no mundo durante os últimos 50 anos, e o aumento maior foi registrado nos países em desenvolvimento".

Dentre as listas de enfermidades do capitalismo moderno, temos ainda os cinematográficos casos de massacres estudantis nas escolas que crescem torrencialmente. Para não falar dos casos mais célebres, nos EUA, registram-se também eventos quase hollywoodianos de amoque no Japão, Escócia, África do Sul e Alemanha. Nos anos de 1999, 2000, 2001 e 2002, em que jovens de, respectivamente, 15, 16, 22 e 19 anos, se envolveram em massacres escolares. Na chacina de Erfurt, por exemplo, quase todo o corpo docente, foi dizimado a tiros!

Esses não podem ser considerados como “casos isolados”, mas resultados de uma microexplosão social. Um fenômeno periódico, resultado do que viemos praticando nas escolas, na faculdade, nos bancos, nas linhas de produção e em todo o mundo. Transformando seres em máquinas produtivas abstratas, empresários de si mesmos sem nenhuma garantia, competições fratricidas, necessidade de auto-afirmação. Uma estrutura econômico-social que explora até o tutano do trabalhador/técnico/profissional, ou seja lá que nome que cada um prefira usar ou que ache mais adequado. O capitalismo é o réu.

No Brasil, diferentemente do Japão, o Karoshi se manifesta nas formas de trabalho mais primitivas e pesadas. O debate recente acerca do biodíesel e do etanol, levantou a questão das relações de trabalho nos canaviais brasileiros. E como estamos no país do carnaval? No país que se vangloria por ter conceito de primeiro mundo em cirurgias plásticas, mas que mata e escraviza pessoas nas masmorras de seus plantations em nome do tão defendido “agronegócio”, reflete a contradição de nosso subdesenvolvimento, como um entruncamento na cadeia evolutiva do capitalismo mundial. Uma sociedade “ornitorrinco” como nos ajudou o professor Chico Oliveira. Uma sociedade comparada a um mamífero, aquático, que põe ovo, tem rabo de castor e bico de pato. Eis aqui aonde viemos parar e onde essa onda nos trouxe!


Tadeu Guerzet

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sábado, 27 de fevereiro de 2010

De lá pra cá, 40 Maios se passaram...

“O que aconteceu lá na França, vai mudar nossa dança”
(Raul Seixas, trecho da música “Cachorro-urubu”)



Não temos dúvida alguma de que o século XX, assim como afirma o professor Valério Arcary, foi o século mais revolucionário da história. Contabilizamos dezenas de revoluções, sublevações e insurreições. Listamos todos os motivos que as levaram à vitória ou à derrota, como se seus personagens protagonistas estivessem munidos com tal leque de opções, ou pior, como se a história fosse um simples leque de opções.

O significado físico-clássico da palavra “revolução” é o de “volta” em torno de um eixo, o dialeto político adaptou o conceito às grandes transformações bruscas na sociedade. Porém, devemos nos desapegar um pouco do conceito de revolução baseado somente em tomada de poder. Não temos dúvida de que aquele fatídico Maio de 1968 foi uma revolução, embora não tenha se concluído com a derrubada de Charles de Gaulle. Nenhum mês, nem mesmo o outubro, mexe tanto com o imaginário popular, canções, poesias etc. Nenhum acontecimento (nem guerras, nem revoluções, nem a chegada do homem à lua) alterou tanto o comportamento de uma juventude.

“Maio de 1968” não é uma data, foi arrancado do calendário e passou a ser um acontecimento.

Acontecimentos históricos paralelos foram verificados nesse ano; como a invasão da Tchecoslováquia por tropas soviéticas, a ofensiva do Ted no Vietnam, aperto da ditadura no Brasil com o AI-5. Por esse ponto de vista, nenhum ano do século XX se compara ao de 1968. Por isso alguns autores se referem a ele como “os anos 68”.

Os estudantes franceses se posicionavam contra a reforma universitária de lá. Mas tudo começou com uma ocupação no conselho da universidade. Os estudantes protestavam contra o impedimento dos meninos transitarem pelos alojamentos femininos e vice e versa. Ou seja, tudo começou com a exigência das visitas íntimas, e alguém acha isso pouca coisa? Obviamente a pauta foi avançando, passando a exigir melhores condições de estudos, fim da repressão do estado, fim do conservadorismo nas instituições de ensino, fim da guerra do Vietnam etc. e etc.

Da mesma forma que alguns acreditam que o que levou os estudantes de Vitória a somarem 5000 cabeças pela Reta da Penha em 2005 foi a truculência policial, muitos acreditam que a maneira como as manifestações francesas foram reprimidas foi o que levou milhões de estudantes a se colocarem em greve estudantil e entupirem as ruas de Paris, e mais, acreditam que isso levou os sindicatos e desempregados a aderirem a causa.

Se a afirmação de que a truculência causa tanta indignação ao povo ultrapassa gerações, então estamos falando que o povo é sim capaz de se mobilizar e aderir à luta, e mais, estamos dizendo que o povo tem coragem de enfrentar a pior das truculências: A truculência da classe dominante e de seu aparato policial.

O saldo na França foi mais de um milhão de pessoas nas ruas, mais de 300 fábricas paradas, 10 milhões de trabalhadores em greve, duas semanas de economia PARALISADA. A maior explosão criativa já vista em uma manifestação com pichações como: “Deixem o medo do vermelho aos animais com chifres”, “Sejam realistas, exijam o impossível”, “A barricada fecha as ruas, mas abre os caminhos”, “não confie em ninguém com mais de 30 anos”, “é proibido proibir”, “Os muros possuem orelhas, vossas orelhas possuem muros” etc. Manifestações ao redor do mundo como Alemanha, Itália, EUA, Brasil e México, que culminou com o massacre de Tlatelolco. Um ano depois, a insustentabilidade política de Charles de Gaulle.

Seu esvaziamento? Muitas causas podem ser apontadas também, as concessões de de Gaulle; a capitulação do PC; a desarticulação dos comitês de greve, que falavam mais em “vazio de poder” do que em “dualidade de poder” (algo parecido com a bobagem zapatista de se “mudar o mundo sem se tomar o poder”); não havia um programa de mudanças estruturais, mas o que se podia esperar? Ninguém tirou aquilo da cartola da história, e como se preparar para uma coisa que ninguém esperava?

Alguns, como Elio Gaspari, acreditam que tudo isso foi negativo, pois “colocou água no moinho do autoritarismo e prolongou as ditaduras”. De fato, isso é verdade. Mas não é toda a verdade! De lá para cá o mundo não foi mais o mesmo. Para quem acha que Woodstock, como ápice da cultura hippie, impactou a humanidade mais fortemente que o Maio de 68, esquecem-se de considerar que o próprio festival (realizado em 69) absorveu os ares do que havia acontecido um ano antes na França. Isso para não considerá-lo precipitadamente até mesmo como uma conseqüência do Maio francês.

A maneira com que se passou a encarar a diversidade no mundo e nos parlamentos, a maneira com que a juventude passou a ser tratada (que ainda não é a ideal, mas parou com esse negócio de sermos pré-cidadãos), as conquistas sociais. Outros setores da sociedade passaram a ser considerados agentes sociais, atores da transformação, e não só o operariado e o campesinato. Isso se trata de uma mudança também teórica para o marxismo. Seria difícil imaginar o mundo sem tudo isso.

Espontaneísmo e contestação!


Ainda hoje em nossas manifestações em defesa da universidade pública ou pelo passe livre e por redução no preço das passagens de ônibus, é inevitável lembrarmos e imaginarmos como deve ter sido aquela primavera Parisiense. Uma manifestação que não eternizou líderes, uma manifestação que, talvez pela falta de líderes, tenha se finalizado da mesma forma que começou, sem uma estratégia concluída. Enfim, uma manifestação que merecia resultados objetivos muito maiores que os alcançados. No entanto, não devemos subestimá-la como o fez de Gaulle em seu início ou como faz Gaspari hoje. O maio de meia-oito foi um mês que ainda não acabou. Não nos enganemos, nossa geração é herdeira daquela luta.


Tadeu Guerzet

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sábado, 20 de fevereiro de 2010

DESEMPREGO, TRABALHO E EDUCAÇÃO PARA A JUVENTUDE NO QUADRO DA INFORMALIDADE CRÔNICA

No debate acerca do mundo do trabalho convencionaram- se chamar de “informalidade” os postos de trabalho que não cumprem os requisitos formais empregatícios e que não recebem garantias legais. Em geral são aqueles postos de trabalho do pequeno comércio informal, ambulante, da prestação de serviços autônomo ou do emprego temporário. Como diz o professor da USP Franscisco de Oliveira, a informalidade é um termo ainda carregado de apelo ideológico. Não existe possibilidade de superação nos marcos do modo de produção capitalista no regime da dominância financeira e na era da predominância do capital fictício.

Durante a década de 90 no Brasil assistimos a bancarrota do trabalho. Diante da contradição primária do sistema capitalista, a luta Capital x Trabalho, o capital tem sido quem desponta com muitos pontos de vantagem no Brasil. Com o advento do plano real, o desmantelamento de postos de trabalho ocasionados pelo baixo crescimento e as privatizações encontrou um ponto crítico. Mesmo os apologétas do capitalismo admitiam que o desemprego era endêmico, estrutural, infalível e abissal.

Das diversas mentiras apregoadas pelo “choque de modernidade”, destaco o falsário discurso da técnica, da qualificação. O capital pressupôs que seria necessário cada vez maior qualificação para ser inserido num mercado de trabalho cada vez mais exigente. Quando que, na verdade, nunca foi preciso uma qualificação real para ocupar os postos de trabalho disponíveis para a maior parte da classe trabalhadora, mesmo a formalmente alocada, onde as maiores exigências são saber ler e interpretar minimamente as orientações da máquina, do software, ou, quando muito, realizar determinada função facilmente adestrável.

O discurso da técnica escamoteia, na verdade, o fato de que o capitalismo é incapaz de absorver e dar garantias para a mão-de-obra excedente, putrefando o exército industrial de reserva e a super-populaçã o-relativa. As garantias de outras épocas, desapareceu, foi substituída pelo just in time, pela negociação direta e pela frieza do serviço de proteção ao crédito.

Este discurso falsário transformou o ensino-cultura num pregão nas universidades. O tempo de sala de aula foi superestimado, é a mais-valia discente. Quantidade de “horas/aula-assistidas”. Tempo de serviço prestado à “sociedade” no quadro negro. De um lado o fordismo do sistema de ensino, do outro lado o fim dos espaços de vivência/culturais nas universidade, o fim da interdisciplinaridade, o surgimento de uma nova arquitetura que privilegia paredes, cadeiras acolchoadas (para se ficar muito tempo sentado, ouvindo) e sem nenhuma arte, vidros fumê, escadas sobre-salas, data-show e etc. Do outro, o discurso inflama o tumor do ensino privado tornando a metástase dos cursos compartimentalizados mais vigorosa, cada vez mais “curso superior em engenharia de cálculo petrolífero de plataformas do Atlântico sul”ou “administração com ênfase na produção de sapatos no ABC paulista” e coisas do tipinho. Pode parecer engraçado, mas na Estácio de Sá-RJ existe curso de engenharia aeronáutica com habilitação em aeronaves com asas fixas, curso superior de estética, para secretariado executivo trilíngue, para gestão de segurança privada e etc.

O quadro econômico sustentado por este discurso gera a demanda que o mercado das carteiras escolares superiores tanto precisava. Sub-cursos, gerando sub-profisionais para ocupar os mesmos empregos e para desempenhar uma função de igual natureza, porém repaginada, minuciosa, sem uma visão totalizante do processo produtivo. É um facilitador do processo de alienação descrito por Karl Marx nos Manuscritos- economicos filosóficos. Não se trata de um trabalhador do ramo de tecidos, alfinetes ou sapatos que não enxerga o seu trabalho no produto final, se trata de um complexo produtivo que absorve e faz “desaparecer” o esforço de milhões que não enxergam seu trabalho (administrativo, técnico, pesado, leve, informatizado, de transporte, de logística, de armazenamento, de insumo etc..etc...etc) no produto final bem pudera,o que já era difícil foi dificultado por uma formação superior cada vez mais micro-localizada.

Obviamente esta catástrofe atinge a juventude no peito (e no bolso). No Brasil, 66% dos jovens trabalham ou procuram trabalho. 21% apenas estudam e 13% não estudam, não trabalham e não procuram trabalho. 60% da juventude vivem em com a renda familiar per capita de um salário mínimo. 40% dos jovens desempregados estão abaixo da linha da pobreza.

Dos jovens que trabalham, a imensa maioria está na informalidade, 40% exerce jornada de trabalho superior a 44h. De outubro de 2008 à fevereiro de 2009 foram desfeitos 17.000 postos de trabalho para a faixa etária entre 18 e 24 anos. Entre 25 e 29 foram quase 200.000.

As políticas públicas amenizam esta catástrofe, embora não signifiquem um modo eficaz de superação do problema. A única saída é a superação do regime. Do modo de produção, reprodução e apropriação de riquezas no mundo.

Ao PSOL, cabe ultrapassar as dificuldades para se afirmar na conjuntura como um partido de musculatura e capaz de enfrentar a falsa polarização PT e PSDB. Ao mesmo tempo, se manter firme aos seus ideais e programa socialistas. Uma tarefa difícil mas que precisamos resolve-la com arte.

Tadeu Guerzet

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